sexta-feira, 23 de abril de 2010
Traição pega pelas pernas
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Promessa de Luxúria
quarta-feira, 24 de março de 2010
Peco em trecho
Peco pelo ridículo, pelo estranho, pela aparência, pela negligência, desistência, pela paciência.
Onde é que vou me perder? Pra onde é que vou me levar?
Peco, peco, peço, me deixe pecar. Não há nada de errado comigo, não há nada. Há tudo, tudo existe dentro de mim. Tudo pode existir.
segunda-feira, 8 de março de 2010
A vaidade é mulher
A vaidade é feminina, é do mundo delas. É aquela coisa que não se contém e grita. Há quem a confunda com orgulho, ledo engano. O orgulho, homem da relação, é aquele que calado admira seus feitos. A vaidade demonstra, alegra, instiga. Sem querer, tira o sono da inveja.
Mulher é assim: não se contém. Seja na dor, na alegria, no ciúme ou na beleza. Mulher quer mostrar, seja brilho ou lágrimas nos olhos.
Reconheço que há as mais contidas, mas nunca vi mulher que não chore, mesmo sozinha, num canto. Não há mulher que não sorria ao estar feliz. Mulher transborda.
E quando a beleza não cabe no peito, precisa transbordar em cores, olhares, cabelos e vestidos. É aquele jeitinho de amenizar as tristezas, de deixar tudo suave, de fazer o dia ser bonito. O orgulho da vaidade é ser mulher. O mundo agradece.
A luxúria tem a forma de uma mulher...
E isso não pecado.
Eu não poderia ter outro corpo, nem outros contornos. Porque só uma mulher consegue escrever nas próprias curvas o que realmente procura e o que realmente quer.
Eu tenho seios, de todos os tamanhos, porque só os seios de uma mulher conseguem responder que sim (ou que não) a um toque. Porque os seios não vão saber mentir, nem quando os olhos se esforçarem para isso.
Eu tenho a forma de uma mulher nos meus cílios, mais longos, mais bonitos e que sabem o momento certo de diminuir ou aumentar a velocidade com que piscam. Eu sou mulher nas minhas sobrancelhas que contornam meus olhos e devolvem, como um tiro, qualquer indignação que venha de encontro ao meu rosto.
Eu sou a cintura de uma mulher que se aceita na condição de cintura, o lugar onde as suas duas mãos repousam e me conduzem, sem saber que na realidade são conduzidas e que eu, como mulher, sei lançar mentiras carinhosas para povoar os seus sonhos e melhorar as minhas noites.
Eu sou mulher nas minhas unhas, porque a Luxúria precisa arranhar e deixar marcadas as costas de quem deixá-la de costas e de frente para o mundo. Eu sou mulher na maciez do meu corpo, dos meus cabelos, no cheiro das minhas pernas e do meu suor. Sou mulher da mancha que eu deixo nas pessoas, de batom, de saudade, de desejo. Eu sou mulher em todas as terminações do meu corpo que trabalham juntas pro meu e pro seu prazer e não se esquecem e nem se abandonam.
Eu sou mulher em orgasmos múltiplos. Em sonhos múltiplos. Em amores múltiplos. Em humores múltiplos.
Eu só poderia ser mulher… eu tenho a forma, os medos e avidez insaciável de uma mulher. E isso não é pecado, só um convite.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Beco de três mãos
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Doce ira
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
O (auto) elogio da Vaidade
Sou vaidade, e espero que o prazer seja todo seu. Não quero incomodar, mas já que seu interesse por mim parece verdadeiro, permita-me contar meu drama.
Reparou em como me visto, como me pinto, como me porto? São gestos programadas para não decepcionar. Tudo feito para encantar, e percebo que nisso obtenho êxito. Esforço-me tanto em meu sublime objetivo e agora deram para vulgarizar meu nome. Vaidade daqui, vaidade de lá, moça vaidosa, rapaz vaidoso e coisa e tal. Pintou o cabelo, fez as unhas, pronto. Culpa da vaidade! Vejo que chega a hora de pedir: por favor, não me magoe confundindo-me com mera futilidade.
Quem me julga leviana nunca teve ao seu lado uma dama como eu, vaidade. Só quem dorme e acorda em minha companhia sabe a dor que é querer mostrar ao mundo sempre o seu lado mais belo. Espelho é meu símbolo, num descuido viro narcisismo e então tudo se perde. Mas enquanto vaidade, minha missão é refletir o que de belo há por aí, esconder o feio, o imperfeito, mostrar que estou sempre jovem, sempre alegre, pele macia e olhos brilhantes. Que difícil tarefa a minha! Entenda: eu só quero o meu bem. E o seu.
Se ainda assim você não me compreender, dispenso maiores explicações. Sabe como é, sou a filha do orgulho. E se meu querido pai conhece seu mérito e calado o aprecia, eu faço as vezes de mostrar ao mundo o melhor que posso ser. E assim, fazer o mundo refletir o que nele há de melhor. Eu digo: minha intenção é boa, você que distorce tudo. Culpa talvez da inveja, aquela moça tão calada que de longe nos observa, mas isso é assunto para um outro dia. Tudo bem, não importa, se você não compreende o que sou de verdade, vou embora. Deixou na sua lembrança meu sorriso mais bonito. E por mais que eu chore decepcionada, te pouparei a imagem dos meus olhos inchados.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Prazer, Luxúria.
Todo mundo me conhece e sabe quando eu chego. Eu posso me vestir de todas as cores, ainda que eu prefira o vermelho. Carrego em mim a comunhão de todos os cheiros, mas me caracterizo por um: a mistura do teu corpo com outro corpo. Eu cheiro a prazer. Há, em mim, um gosto salgado que fica entre o suor e a lágrima, entre o sangue e o esperma, entre a sua língua e a outra pele. Eu estou em qualquer lugar: da saliva que escorre da boca quando vocês se beijam ao final do salto, que pisa sem pena no chão e avisa: Ela chegou.
Eu trago comigo o que há de mais bonito e mais feio no ser humano: eu machuco e dou prazer. Eu humilho, ofendo, sujo as pessoas. Eu gosto de sujar o máximo que eu puder e sei que só assim as pessoas ficam verdadeiramente humanas, ainda que eu sorria de canto de boca com o espetáculo quase animal que eu causo. Por mim e para mim é que as pessoas gritam, choram, urram e gemem. Por mim e para mim é que as pessoas gozam; é quando eu me torno rainha.
Ninguém escapa, alguns tentam fugir mas de mim é impossível se esconder. Porque eu posso sair do meio das suas pernas e cruzar o seu corpo em um minuto. Eu posso morar em um olhar de desejo. Eu posso ficar nas suas longas unhas vermelhas por dias e, quando cansada delas, dormir alguns dias em outras costas, em forma de um arranhão: igualmente vermelho.
Gosto de rir das pessoas, destruindo as maquiagens, rasgando as roupas, quebrando os saltos e molhando as suas pernas. Porque eu gosto é de gente nua, vestida só de tesão e sede de outro, procurando no corpo alheio um gole de orgasmo.
Eu não obedeço a ninguém, eu não escuto ordens, eu não respeito regras. Eu sou mais antiga que o homem, mas antiga que Deus. Por medo de mim, ultimamente me deram um nome e uma classificação. Pecado? Pecado é não se deixar cair, com tudo e sem roupa, na minha mão.